Educação é um desafio de todos

Um ano de pandemia. Um ano marcado, entre tantas dificuldades, por educadores e escolas se organizando como podiam para minimizar os efeitos da crise sanitária no desenvolvimento das nossas crianças e jovens. Embora ainda seja cedo para sabermos a extensão total dos prejuízos do ponto de vista do ensino e aprendizagem, os professores brasileiros conseguiram medir alguns deles a partir de seus sentimentos e percepções em sala de aula.

Educadores de todas as regiões do país foram ouvidos, sistematicamente, pelo Instituto Península em 2020 – e continuam sendo escutados este ano – para ajudarem a dimensionar as novas demandas pedagógicas, os desdobramentos desse cenário e quais os impactos socioemocionais em suas jornadas. Escutá-los e dar voz a esses profissionais é fundamental. Porém, os esforços não podem parar por aí: a qualidade da Educação do nosso país só vai melhorar se for um desafio compartilhado por todos nós. Afinal, o professor é um elemento fundamental deste processo, mas não pode se responsabilizar individualmente por formar as futuras gerações do Brasil. E qual desafio é esse? Na verdade, é no plural. Devemos mover, como sociedade, uma série de desafios na Educação.

Recursos e Infraestrutura

Você sabia que mais de 50% das crianças e adolescentes não têm acesso à educação a distância por falta de equipamento (computador ou tablet) ou conectividade? Por conta disso, desde o começo da pandemia, milhares de estudantes estão sem aulas. Essa infraestrutura deveria ser um direito garantido aos estudantes. Por meio de políticas públicas estruturantes, a conectividade deve fazer parte do kit escolar básico – assim como livro didático, caderno, caneta, lápis e borracha foram por muitos anos.

Profissionalização e desenvolvimento contínuo da carreira docente

Além disso, os educadores precisam de apoio para se desenvolverem constantemente, com formações que respondam às necessidades da realidade do país e das futuras gerações. Uma melhor preparação para o ensino híbrido também é essencial, já que essa modalidade de ensino deve ser a realidade dos próximos anos em todo o mundo devido à pandemia – 54% dos docentes acreditam que o futuro da educação deve ser o ensino presencial e 44% acreditam que será o formato híbrido. Isso apenas para citar alguns desafios.

Valorização dos professores e colaboração


Com a pandemia, intensificou-se a parceria dos docentes com os alunos e seus responsáveis para fazer o ensino remoto dar certo. Esta é uma excelente oportunidade para as famílias colaborarem com o processo de aprendizagem das dos estudantes. Inclusive, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) recomenda esse trabalho colaborativo em rede: a criação de comunidades de professores, pais e diretores para trabalhar sentimentos de solidão ou desamparo, compartilhar experiências, propor estratégias para superar dificuldades de aprendizagem e enfrentar desafios psicossociais.

Além disso, durante a pandemia, 72% dos professores escutados pelo Instituto Península relataram estarem se sentindo mais valorizados pela sociedade. Eles também enxergam as ferramentas tecnológicas como aliadas: 94% dos docentes indicam que agora enxergam a tecnologia como muito ou completamente importante no processo de aprendizagem dos alunos.

É um começo encorajador, que mostra mais interesse dos cidadãos pelo ensino e aprendizagem no Brasil, mas ainda precisamos de muitas outras ações nessa frente, partindo de todas as esferas da sociedade. Se a Educação é para todos, ela deve ser também um desafio de todos nós.

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