Educação

Em quarentena: 83% dos professores ainda se sentem despreparados para ensino virtual

Pesquisa do Instituto Península revela que após seis semanas de isolamento, professores brasileiros não receberam suporte suficiente para ensinar à distância nem suporte emocional das escolas

Mesmo após seis semanas de isolamento social, 83% dos professores brasileiros, em média, ainda se sentem nada ou pouco preparados para o ensino remoto, que virou rotina em diferentes pontos do Brasil. É o que aponta uma pesquisa do Instituto Península realizada com 7.734 mil professores de todo o país entre os dias 13 de abril e 14 de maio de 2020.

A pesquisa faz parte do levantamento “Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do Coronavírus no Brasil”, que ouviu os educadores no início do isolamento social e, agora, os ouve novamente.

O fato de que a maioria dos professores brasileiros não se sente preparada para o ensino à distância está ligado a outro dado descoberto pela pesquisa: 88% deles afirmaram que nunca tinham dado aula de forma virtual antes da pandemia. No entanto, com seis semanas de isolamento, a realidade mudou quase nada devido à pouca oferta de treinamento e apoio das instituições e redes de ensino: 55% não tiveram qualquer suporte ou capacitação durante o isolamento social para ensinar fora do ambiente físico da escola. Os professores se sentem despreparados para o ensino virtual, mas o interesse é latente: 75% gostariam, sim, de receber apoio e treinamento neste sentido.

“Percebemos na pesquisa que os resultados estão interligados. Os professores afirmam que não se sentem preparados e que não receberam treinamento, mas estão ávidos por isso. Eles tiveram que se reinventar para aprender a dar aulas de uma maneira radicalmente diferente, sem nunca terem experimentado este formato. As redes de educação precisam auxiliar estes docentes e oferecer apoio e suporte necessários para que possam dar aulas remotas mantendo a qualidade de aprendizagem dos alunos. Muitas já estão se organizando para isso e se preocupando em manter fortalecido o vínculo dos professores com a escola. Essa liderança é fundamental para mover o setor”, afirma Heloisa Morel, diretora executiva do Instituto Península.

Outro dado que chama atenção é que 75% dos professores revelaram que não receberam nenhum suporte emocional das escolas neste momento tão difícil e incerto, uma questão importante já conhecida antes da pandemia e que se mostra ainda mais crucial agora. “O suporte emocional é ação prioritária para que os professores possam manter a saúde mental, o corpo e as emoções equilibradas nestes tempos de pandemia. Eles querem e precisam deste cuidado. Os gestores podem, de maneira geral, encontrar algumas soluções temporárias para este desafio, como cursos de formação. No entanto, no médio e longo prazo, é importante que se criem políticas de cuidado aos professores, pois são eles que estão, diariamente, na linha de frente com os alunos. Desenvolver integralmente estes educadores deve ser também um dos focos dos gestores públicos”, defende Heloisa.

A pesquisa “Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil” pretende ouvir os profissionais da Educação constantemente até o fim da crise relacionada ao Covid-19.

Clique aqui para acessar a pesquisa completa.


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