Formação de professores: um exemplo de nossos vizinhos chilenos

No mês de junho, o Instituto Península foi convidado pela Faculdade de Educação da Universidade Diego Portales (UDP) a conhecer o modelo de formação inicial de professores. Estive em Santiago, capital do Chile, juntamente com nossa gerente de projetos, Lia Glaz, e com a equipe do Instituto Singularidades, para saber mais sobre a preparação de docentes de um país que tem avançado muito em Educação.

Para oferecer um ensino público de qualidade, o Chile começou pelo básico, porém, o mais importante. Investiu, ainda na década de 1990, em uma política nacional docente, partindo do entendimento de que formando bons professores há uma melhora na aprendizagem dos alunos, e, consequentemente, no futuro do país. Anos depois, em 2003, foi lançado o Marco para la Buena Enseñanza, documento que traz diretrizes sobre o que um professor precisa contemplar – desde o planejamento, o ambiente, a estratégia e suas responsabilidades – para ser um bom profissional, mais próximo ao trabalho em sala de aula.

A política nacional docente chilena mostrou como a prática teve papel fundamental para a transformação da Educação. A partir de ações como o estágio em sala de aula desde o início da graduação ou a colocação de situações-problema, estudos de caso ou simulações, foram promovidas mudanças nos cursos de formação inicial e na carreira docente. O modelo adotado pela Universidade Diego Portales, onde estive, é considerado hoje um dos melhores do país.

Na UDP, os alunos vivenciam a rotina da escola por meio de estágio em um formato em que, ao chegarem no quarto ano da graduação, passam três dias da semana na prática e dois na universidade. Com isso, eles já começam a receber feedbacks semanais de professores e professores mentores nas escolas sobre como estão trabalhando o currículo a ser ensinado, uma forma de antecipar o que de fato é ser docente, e também podem se preparar melhor para desafios que estão presentes na prática – inclusive os que vão além do conteúdo e da didática.

Tal como a medicina, que desde o início da formação exige a prática para que o aprendizado atinja, lá na ponta, o resultado esperado, a docência precisa sair do universo de teorias e experiências desconectadas para um campo de vivências. Pensar
a formação de professores é pensar a partir do que os alunos têm de aprender na sala de aula e que apenas quem é capacitado pode alcançar esse feito de forma a satisfazer anseios e disseminar conhecimento.

Esse entendimento também norteia nosso trabalho no Instituto Península, que acredita que o docente precisa estar desenvolvido integralmente – em emoções, mente, corpo e propósito – para que alunos e conteúdos possam ser aproveitados da melhor forma possível. Não há, portanto, momento mais oportuno do que o estágio para trabalhar aquele que virá a assumir um compromisso com a formação de cidadãos, para que ele possa se preparar, seja errando, acertando ou questionando o que é proposto.

Todo esse aprendizado no Chile nos mostrou que é possível alinhar conteúdo e prática em um currículo que prepare e aproxime professores de suas realidades. A escola, como ambiente formador, demanda profissionais em sintonia com o que os alunos e o mundo pedem. Vamos nos inspirar no exemplo dos nossos vizinhos e começar a praticar?

Por Heloisa Morel

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